Elementos da Indução
Permissão/Validação/Observação/Utilização.
Qualquer reação, comportamento e experiência são validadas pelo
terapeuta. Isto consiste em aceitar o cliente como se apresenta e usar seus próprios
sintomas, crenças e até sua resistência à hipnose para fazê-lo entrar em transe.
Permissão significa dar opções ao paciente, usando as palavras pode e
talvez, ao invés de Previsão: acontecerá Observação e incorporação das reações —
dizendo simplesmente o que observa e utilizando para sugerir que isto tudo pode
levá-lo ao transe.
3.2. Evocação ao Invés de Sugestão
Fazer comparações entre hipnose e outros estados que o paciente já
experimentou antes ou lembrá-lo de recursos que o terapeuta sabe que ele tem.
Pressuposições/Implicações/Dicas Contextuais.
Pressuposições verbais: Ilusão de alternativas como “você pode ser
hipnotizado de olhos abertos ou fechados”, dando a ilusão de que o cliente pode
escolher, mas na verdade pressupõe-se que ele será hipnotizado.
Dicas contextuais: São palavras colocadas no texto da conversa que sugerem
o transe, como: conforto, relaxado, etc.
3.3. Sincronização
Não verbal — Ritmo, posturas, qualidade da voz, ritmo respiratório,
observação do comportamento, são respostas de espelho. Começa-se a indução
copiando ou “espelhando” o cliente em todos seus gestos, posturas, ritmo
respiratório, etc. e depois, aos poucos, vamos modificando nosso comportamento e
observando se o paciente nos acompanha. Quando isto começa a acontecer, é um
sinal de que ele esta entrando em transe.
3.4. Descrição
Para ganhar credibilidade, descrevemos a cena que vemos, mas tomando o
cuidado de não tentar adivinhar a experiência do cliente. Assim, só afirmamos o
que temos certeza. Por exemplo, podemos descrever: “Enquanto você permanece
aí sentado nesta cadeira, com a perna direita cruzada sobre a esquerda, ouvindo
minha voz, com os olhos fechados e respirando tranqüilamente, você sente o peso
de seu corpo sobre a cadeira, você coça o queixo…”
3.5. Palavras de Permissão e de Transferência de Poder
Em continuação a descrição explicada acima, podemos incluir alguma coisa
que não estamos observando mas que tem grande possibilidade de estar
acontecendo. Para não correr riscos, devemos ser vagos, evitando colocar conteúdo
no que falamos, abusando das alternativas. Podemos falar por exemplo em
continuação ao que falamos acima: “…e você parece estar se sentindo muito
confortável, não está?” Esta é uma ótima palavra porque cada pessoa tem o seu
conceito de conforto e pode imaginar o que quiser. A palavra parece, nos livra da
possibilidade do cliente achar que estamos invadindo a experiência dele e a
negação no final, deixa-o livre para sentir-se ou não “confortável”.
3.6. Divisão
Consciente/inconsciente; aqui/lá; presente/futuro; dentro/fora. Pode ser
também não verbal, utilizando-se de gestos com as mãos ou com a cabeça enquanto
falamos. Quando estamos sugerindo ao paciente que ele tem um lado consciente e
outro inconsciente, podemos virar a cabeça para a esquerda ao falar consciente e
para a direita quando falarmos inconsciente. Ao fazer isto, toda vez que tombarmos
a cabeça para um lado, o paciente saberá com qual de suas partes estamos falando.
Isto se chama ancoragem. Este gesto de cabeça era um modo muito utilizado por
Erickson que economizava muito seus gestos, talvez até devido à sua deficiência
física, mas tornou-se um procedimento de ancoragem visual muito difundido entre seus discípulos.
3.7. Ligação
Artifício de linguagem que liga duas coisas que não estavam ligadas. Quando
ligamos duas frases que necessariamente não tem relação de causa e efeito isto soa
verdadeiro. Pode-se também fazer várias afirmações verdadeiras e no final, ligá-las
a outra coisa que não tem relação com o que foi dito e mesmo assim, o cliente
aceita como verdade.
Na ligação verbal, podemos falar: “Você está sentado nesta cadeira e pode
entrar em transe.” É claro que o fato de estar sentado na cadeira não tem ligação
com entrar em transe mas, colocado no contesto da indução, soa como verdade.
Pode-se falar também: “Quanto mais seu consciente se distrair com os sons desta
sala, tanto mais facilmente você entrará em transe…”
3.8. Intercalar
Esta é uma técnica poderosa porque fala diretamente ao inconsciente e
pode-se induzir um transe até sem que a pessoa perceba. Consiste de elaborar uma
conversa informal e intercalar sugestões na frase, dando ênfase às palavras que
interessam com mudanças na entonação, ritmo, volume etc. de nossa voz. No
interior de uma mensagem maior existe outra mensagem, um subtexto.
Como exemplo, vou transcrever uma frase de William O’Hanlon:
“Lembra-se daquele tempo quando nem tudo estava ‘pesando em
suas costas’ e você podia relaxar? Ou se sentir mais confortável? Mas,
tenho certeza de que, no passado você já tentou aliviar o ‘peso das suas
costas’ com o relaxamento. Você já se sentiu relaxado e confortável.”
Costas, relaxar, confortável, costas, relaxamento, relaxado e confortável.
Esta é a mensagem embutida no texto que entrará direto no inconsciente, fazendo
com que o paciente relaxe suas costas.
3.9. Âncoras
Por último, vamos falar sobre o termo “Ancoragem”: Uma âncora, é
qualquer estímulo que percebemos com nossos sentidos e que nos faz recordar com
todos os detalhes de algo do passado. A ancoragem é natural no ser humano. Como
exemplo, quando ao ouvir uma determinada música que em nossas lembranças, foi
ouvida em uma ocasião marcante do passado, parece que retornamos ao fato e
revivemos todas as emoções e sensações daquele momento. Os casais costumam ter
a “nossa música”, que ao ser ouvida, os faz lembrar da juventude, quando estavam
muito apaixonados.
As âncoras podem referir-se a uma imagem, sendo chamada de imaginativa
ou a qualquer canal sensorial: visual, auditivo, somático, tátil e olfativo. Assim,
temos âncoras verbais e não verbais. Às vezes, um perfume pode remeter-nos
direto a um fato do passado.
O terapeuta pode se utilizar desse conhecimento e criar âncoras no paciente
com a finalidade de ter acesso a um recurso útil para ajudá-lo em seus problemas.
Artifício de linguagem que liga duas coisas que não estavam ligadas. Quando
ligamos duas frases que necessariamente não tem relação de causa e efeito isto soa
verdadeiro. Pode-se também fazer várias afirmações verdadeiras e no final, ligá-las
a outra coisa que não tem relação com o que foi dito e mesmo assim, o cliente
aceita como verdade.
Na ligação verbal, podemos falar: “Você está sentado nesta cadeira e pode
entrar em transe.” É claro que o fato de estar sentado na cadeira não tem ligação
com entrar em transe mas, colocado no contesto da indução, soa como verdade.
Pode-se falar também: “Quanto mais seu consciente se distrair com os sons desta
sala, tanto mais facilmente você entrará em transe…”
O terapeuta pode se utilizar desse conhecimento e criar âncoras no paciente
com a finalidade de ter acesso a um recurso útil para ajudá-lo em seus problemas.Na Terapia da Regressão, utiliza-se muito das âncoras para acessar o inconsciente
e recuperar fatos da memória. Quando perguntamos ao paciente sobre seu
sentimento, onde ele sente este sentimento em seu corpo e pedimos para ele
ampliar estas sensações, estamos usando âncoras.
A âncora é conhecida pelos hipnólogos tradicionais como signo-sinal. Pode
ser usada pelo paciente para ajudá-lo a ter acesso a um recurso interno, no
momento em que ele precisar.
* Índice *
2 O’Hanlon, William H. e Martin, M. “Hipnose centrada na solução de problemas”. Campinas