O ciclo da vítima

O ciclo da vítima

                              O ciclo da vítima

 

Específico. Assim é o cérebro. Se você busca realmente  "qualquer coisa", é o que vai ter. Qualquer coisa, qualquer lugar, qualquer um, costuma conduzir a "qualquer" resultado. Vejam o que Caetano diz em sua música "QUALQUER COISA": ".. berro pelo aterro/pelo desterro/berro por seu berro/pelo seu erro/... quero que você ganhe/que você me apanhe/sou o seu bezerro/gritando mamãe".
Um grito de total dependência das decisões do outro, de submissão sem pré-condições, de incapacidade de ação, sem movimento próprio, pedindo sempre que o outro faça alguma coisa.  A última das frases citadas é bem sintomática: "Sou o seu bezerro gritando mamãe". Dependência total. Qualquer coisa serve. Qualquer coisa vale, desde que a  iniciativa venha do outro. 
Há também na letra da música um certo enfado com relação à outra pessoa, quando ele diz "Este papo seu já tá de manhã" Em outras palavras,você falou a noite inteira,estou cansado. Cansado, dependente, pedindo que você tome uma decisão, vitimado por sua falta de atenção para comigo e sem sequer uma inciativa no sentido da auto estima, do cuidado comigo, sem nenhuma possibilidade porque atribuo a você todas as capacidades, todos os poderes. Atitude, nernhuma. Apenas dependência, no sentido total da palavra. E aí, no final da letra, uma revolta. Este papo meu tá qualquer coisa e você já tá prá lá de Teerã. No começo era prá lá de Marraquech, que fica ali no Marrocos, mas Teerã está bem mais além, cerca de três mil quilômetros à frente de Marraquech. A vítima está cansada, passa culpar o algoz, E transforma o algoz em vítima. Este é o círculo da vítima. A pessoa se torna vítima,procura socorro no outro, o outro não socorre e quando socorre não satisfaz a vítima completamente, a vítima continua infeliz, passa a culpar o outro por seus problemas e transforma-se em algoz. E aí começa tudo de novo. É o ciclo da vítima. Cuidado com ele.
 
Carlos Santos